Museu de Portimão apresenta exposição antológica com pinturas e cerâmicas do portimonense Querubim Lapa
03-12-24
Está marcada para as 17h00 do próximo sábado, 7 de dezembro, a inauguração no Museu de Portimão da exposição antológica “Querubim Lapa: Pintura e Cerâmica”, integrada nas comemorações oficiais do Dia da Cidade e que ficará patente até 27 de abril de 2025.
Com curadoria de Sofia Nunes, a mostra evoca o centenário do artista, natural de Portimão e autor de uma vasta obra, muito significativa para a arte moderna em Portugal: pintor notável, destacou-se como um dos mais consistentes artistas do neorrealismo e é hoje considerado um dos ceramistas portugueses mais importantes do século XX.
Querubim Lapa (1925-2016) distinguiu-se pela dupla faceta do seu trabalho, num constante diálogo entre pintura e cerâmica, que ficará reunida em sete núcleos, dispostos cronologicamente nos dois pisos do Museu, onde se apresenta um total de 94 obras, produzidas entre 1946 e 1994.
As peças pertencem a museus nacionais e coleções particulares, incluindo o grande painel de azulejos (1960), recentemente adquirido pelo Município portimonense, cujas personagens e motivos pintados constroem uma alegoria mágica do mar, estabelecendo uma forte relação com o tema da pesca que o Museu de Portimão aborda.
Partindo de uma seleção de pinturas e desenhos do período inicial neorrealista, a exposição aborda as primeiras peças cerâmicas e a proximidade à fase lírica da sua pintura, estando amplamente representadas as experiências e a criação de técnicas ímpares ocorridas na sua cerâmica dos anos de 1960 e 1970, a par de novas pesquisas no campo da pintura do mesmo período.
O percurso termina com um conjunto de painéis de azulejos da primeira metade da década de 1990 que desenvolvem jogos percetivos, reportáveis aos primórdios da azulejaria portuguesa, à pintura ‘op’ e ‘concretista’.
Desta forma, o público poderá conhecer momentos-chave do seu multifacetado trabalho e da multiplicidade de linguagens artísticas convocadas ao longo do tempo.
Lista de emprestadores institucionais:
AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal
Centro de Arte Moderna Gulbenkian
EGEAC/Museu de Lisboa
Fundação Millennium bcp
Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado
Museu Nacional do Azulejo
Museu do Neo-Realismo
Museu de Ovar
A esta lista juntam-se vários colecionadores particulares
Nota biográfica sobre Querubim Lapa
Nascido no ano de 1925 em Portimão, Querubim Lapa estudou na Escola António Arroio, entre 1942 e 1947, e formou-se em Escultura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, em 1953, onde também se licenciou em Pintura, no ano de 1978.
Integrou a terceira geração modernista e desenvolveu obra artística em pintura e em cerâmica, entre 1945 e 2009. É hoje reconhecido como um dos mais consistentes artistas do neorrealismo, tendo participado nas Exposições Gerais de Artes Plásticas, na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, entre 1949 e 1956, e nas Exposições dos Independentes, no Porto, em 1950.
A partir de meados da década de 1950, passou a conceber uma pintura de caráter mais lírico. Entre 1963 e 1973, integra a linguagem do informalismo e posteriormente recorre à desconstrução e interrogação do espaço pictórico a partir de referências históricas da pintura moderna. Com a chegada da Revolução do 25 de Abril de 1974, volta a politizar a pintura, aliando a pop arte à violência social mediatizada.
Iniciou-se na arte cerâmica em 1954, com atelier na Fábrica Viúva Lamego. Considerado um dos ceramistas mais importantes do século XX em Portugal, criou técnicas inovadoras que modernizaram esta arte, no que respeita à modelação, ao domínio das cores e dos esmaltes ou à utilização da aresta viva e dos engobes. Assinou inúmeros painéis para espaços interiores e exteriores, num diálogo com a arquitetura moderna, e produziu peças notáveis em pequena escala.
Docente na Escola António Arroio (1954 a 1996), dirigiu o ensino das oficinas cerâmicas, tendo marcado e influenciado várias gerações de alunos.
Recebeu prestigiantes prémios ao longo da sua vasta carreira, tendo sido condecorado em 2015 como Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, pelo Presidente da República.