Centro Interpretativo do Salva-vidas de Alvor convida comunidade a celebrar 2.º aniversário com programa para todas as idades
15-12-25
O Centro Interpretativo do Salva-vidas de Alvor (CISA) completa dois anos de atividade no próximo dia 16 de dezembro, estando a celebração pública do 2.º aniversário marcada para domingo, dia 21, para que toda a comunidade tenha a oportunidade de participar nas várias iniciativas integradas nesta grande festa.
É um programa especial, idealizado para comemorar um polo cultural singular que foi criado com e para as gentes de Alvor e que desempenha um papel essencial na proteção, valorização e transmissão das memórias, saberes e tradições ligadas ao mar, ao mesmo tempo que preserva a história de quem, ao longo de gerações, fez da pesca e do marisqueio o seu modo de vida.
Neste contexto, ao longo do dia 21 de dezembro, o Centro Interpretativo estará aberto entre as 10h00 e as 17h00 e dinamizará iniciativas dirigidas a vários públicos. Tendo como base este espírito que envolve a comunidade, o Centro de Convívio da Associação Cultural e Recreativa Alvorense 1.º de Dezembro (ACRA) e outros elementos da população promovem, entre as 10h00 e as 16h00, um pequeno Mercadinho de Natal na lota, com vista a dar a conhecer o projeto “Mãos que costuram histórias”.
Este projeto constitui, por si só, um dos exemplos mais fortes de envolvimento comunitário em torno do CISA, pois reúne semanalmente utentes do Centro de Convívio da ACRA e habitantes da vila para partilharem memórias, cantares e saberes, produzindo peças como gorros e meias de pescador, objetos que representam as tradições locais e a herança das mulheres em comunidades marítimas.
No mesmo período, das 10h00 às 13h00, em frente ao CISA, vão decorrer jogos tradicionais e atividades desportivas para as crianças, incluindo uma gincana de bicicletas com o apoio do Tic Tac Bike Tour.
À tarde, pelas 14h30, realiza-se a oficina “Aprende a fazer um nó de pinha e constrói o teu porta-chaves”, orientada pelo Sr. José Luís Fernandes, mediante inscrição prévia através do endereço de email (
Num espaço que pretende manter vivas as artes e saberes ligadas ao mar, está ainda prevista, às 15h30, uma visita guiada ao Centro Interpretativo, acompanhada de uma conversa e demonstração com o marítimo Paulo Pascoal sobre o aparelho de anzol, uma arte de pesca tradicional.
Numa festa digna de registo, não faltará também, ao final da tarde, às 16h30, o cantar dos parabéns ao Salva-vidas Alvorense e a partilha do bolo de aniversário, comemoração para a qual toda a comunidade está convidada a participar, com vista a enriquecer esta celebração. Mais tarde, o programa encerra com a interpretação de músicas de Natal pelo Centro de Convívio da ACRA.
Em apenas dois anos, CISA obteve reconhecimento nacional e internacional
Apenas um ano após a inauguração do CISA, em 2024, este polo vivo de cultura foi distinguido com o Prémio Silletto, atribuído pelo European Museum of the Year Awards (EMYA), um galardão que reconhece o trabalho exemplar na integração da comunidade e na afirmação da identidade local.
Foi, inclusive, com este objetivo de envolver a população na preservação da identidade local que o CISA foi inaugurado em dezembro de 2023, tornando-se um ponto de encontro entre a história marítima da vila e as vivências contemporâneas. E um dos elementos centrais da tradicional vila piscatória foi, e continua a ser também, o salva-vidas “Alvor”, embarcação emblemática restaurada com o apoio do programa CRESC Algarve 2020, no âmbito do PADRE – Plano de Ação de Desenvolvimento de Recursos Endógenos.
Inaugurado no dia 16 de dezembro, o Centro Interpretativo do Salva-vidas de Alvor é um equipamento cultural resultante das obras de reabilitação do edifício que outrora acolhia a Estação do Instituto de Socorros a Náufragos. A intervenção foi concretizada com o apoio do CRESC Algarve 2020 – Programa Operacional Regional do Algarve, através do PADRE. É um projeto assumido pela Câmara Municipal de Portimão, através do Museu, com a colaboração da Junta de Freguesia de Alvor, para criar e dinamizar um núcleo museológico dedicado à história do salva-vidas e de todas vertentes culturais e sociais ligadas à atividade piscatória.
Um Museu que está em todo o concelho
Com forte impacto no concelho de Portimão, o Museu de Portimão assume um papel de destaque na preservação da memória, legado e herança que os antepassados deixaram, ainda que tenha sempre os “olhos postos” no futuro. Isto porque, apesar de contar com um equipamento central, na zona ribeirinha de Portimão, dedicado à indústria conserveira, possui outros núcleos no espaço geográfico do concelho, afirmando-se como um museu polinuclear. É o caso do Centro Interpretativo do Salva-vidas de Alvor.
Neste exemplo, em Alvor, o núcleo museológico reabilitado em 2023, assume um papel central na valorização do património marítimo local, vital sobretudo num momento em que a profissão de pescador enfrenta perda de visibilidade social.
Não se esgotando na dinamização de atividades no CISA, há outras iniciativas de relevo que estão a ser levadas a cabo para valorizar este setor. Entre os projetos em curso destaca-se o estudo etnológico que o Museu de Portimão está a desenvolver sobre a pesca de palangre de Alvor, com vista ao seu registo e valorização, incluindo a proposta de inscrição desta prática tradicional e sustentável no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, ao abrigo da Convenção da UNESCO.
Uma história com fortes raízes na comunidade
O CISA mantém viva, desta forma, a memória e a importância da Estação do Instituto de Socorros a Náufragos (1933-1983) e do barco salva-vidas “Alvor”. São vistos como símbolos da proteção dos pescadores e da luta da vida no mar.
Através da história deste “lugar de memória” e dos episódios das saídas do salva-vidas à barra, desvendam-se também os quotidianos de homens e mulheres que vivem da pesca, desde a altura em que, com barcos a remos e à vela, orientados pela estrela norte, se faziam à sorte num mar imprevisível, até aos percursos e desafios atuais que esta atividade enfrenta. E, neste contexto, Alvor sempre foi uma terra de tradição marítima e piscatória que esteve sujeita aos infortúnios da faina e do mar.
Por todas estas razões, a valorização das atividades piscatórias tradicionais são uma aposta importante na tentativa de preservar um património sociocultural valioso do passado e do presente, pois atualmente há ainda um conjunto significativo de atividades ligadas ao mar e à ria, que subsistem numa região com uma predominante atividade turística.
É, aliás, essa característica que torna também a vila um ponto de atração para turistas e outros visitantes, que não resistem a conhecer de perto este património social, ambiental e cultural, onde estão patentes também, além das gentes de Alvor, o centro interpretativo e o antigo barco salva-vidas. Simultaneamente, estes equipamentos são um espaço de homenagem à população e aos heróis locais que tornam Alvor uma freguesia que não esquece as suas origens.