O Município de Portimão assinala o Dia Mundial da Saúde Mental, que se celebra amanhã, 10 de outubro, com a realização de algumas ações de sensibilização para esta problemática à escala global, que afeta pessoas de todas as idades.

As atividades programadas visam consciencializar alunos, pais, professores e a comunidade em geral sobre como evitar, prevenir e, até mesmo, diminuir os problemas associados à saúde mental.

A primeira iniciativa decorreu na manhã desta segunda-feira, 9 de outubro, no auditório do Agrupamento de Escolas da Bemposta, com a divulgação do projeto pedagógico de promoção da saúde mental “Isso é Psicológico”, da autoria do apresentador, radialista e ator João Paulo Sousa, e desenvolvido em parceria com a Betweien.

Com a presença de 140 alunos do 10º e 11º anos da Escola da Bemposta e da Escola Secundária Poeta António Aleixo, a sessão foi bastante participada e teve uma grande interatividade entre todos.

O projeto “Isso é Psicológico” procura dotar o público escolar de ferramentas de promoção e prevenção da saúde mental, que ampliem o seu conhecimento e perceção sobre o tema, tanto de um ponto de vista individual, como coletivo, no sentido de motivar os alunos para um comportamento proativo.

Amanhã, Dia Mundial da Saúde Mental, a Biblioteca Municipal Manuel Teixeira (BMMTG) Gomes receberá a partir das 10h00 uma ação de sensibilização, a cargo da equipa comunitária de saúde mental de Portimão/Unidade de Psicogerontologia do CHUA – Hospital de Portimão e destinada à participação da comunidade em geral, com ênfase para a população sénior.

Sensibilizar é preciso

Segue-se a 13 de outubro uma sessão sobre o tema “A ansiedade na infância e na adolescência”, marcada para as 17h30 na Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes (BMMTG) e integrada no ciclo de caráter interventivo e preventivo “Educar para um melhor futuro”, que o Município de Portimão dinamiza ao longo do ano letivo 2023/2024 junto da comunidade escolar.

A psicóloga clínica Carla Fernandes, vogal da Delegação Regional do Sul da Ordem dos Psicólogos Portugueses, será oradora nesta sessão, dirigida aos pais/encarregados de educação, técnicos e docentes, a quem esclarecerá como diferenciar a ansiedade normal da ansiedade patológica, ensinando estratégias e orientações que auxiliem as crianças e os jovens a enfrentarem este problema.

No sentido de informar, alertar e esclarecer as crianças para a importância do apoio quotidiano aos seus avós com doença de Alzheimer, o Atelié Grandes e Pequenos de 14 de outubro na BMMTG, a partir das 16h00, será inspirado no livro “O Pequeno Elefante Memo”, contando com a participação especial de Edite Reis, pela Associação Alzheimer Portugal - Núcleo de Portimão.

“O Pequeno Elefante Memo” (“Memo, The Baby Elephante”) é um livro infantil bilingue, com texto de Paula Guimarães, tradução por Louis Keil e ilustração de Alexandra Pinto Rebelo, que ofereceram o seu trabalho para a concretização desta obra, editada pela associação Alzheimer Portugal.

A obra procura estimular as relações existentes entre gerações, especialmente sensibilizando os mais pequenos para ajudarem os seus avós a ultrapassar as dificuldades inerentes à doença de Alzheimer, principalmente devido aos problemas de memória.

Com apelo à ternura e ao amor, o livro reforça a ideia de que a pessoa idosa tem um papel importante na sociedade e na família e continua a ser útil, desempenhando as crianças um papel fundamental no estreitamento e estímulo desses laços, para quebrar o estigma e o isolamento a que as pessoas com demência são muitas vezes votadas.

Apoio local às pessoas com problemas de memória

No âmbito da saúde mental, destaca-se a nível local a parceria estabelecida entre o Município de Portimão e a Alzheimer Portugal, de que resultam os bem-sucedidos projetos Café Memória, espaço de encontro mensal no Museu de Portimão, destinado a pessoas com problemas de memória ou demência, seus familiares, amigos e cuidadores, e Musical(mente), concebido para que, através da música, se reúnam regularmente as pessoas com demência e seus cuidadores, num ambiente lúdico, estimulante, de interajuda e troca de vivências.

A próxima sessão do Café Memória terá lugar no dia 14 de outubro, entre as 10h30 e as 12h30, sendo abordado “O Papel do terapeuta da fala na Pessoa com Demência” pela doutora Ângela Martins.

De referir que Portimão terá em breve uma nova solução de apoio aos doentes de Alzheimer ou com outras demências, através da criação do futuro Centro de Dia na Aldeia do Carrasco, cujas obras arrancarão durante o próximo ano.

O novo equipamento social também terá algumas camas, para que, e de forma pontual, os doentes possam permanecer no Centro por um ou dois dias, ou num fim de semana, de forma a permitir descanso ao cuidador.

Transtornos mentais afetam milhões de pessoas

O Dia Mundial da Saúde Mental foi criado em 1992 pela World Federation for Mental Health com o objetivo de combater o preconceito e o estigma relacionados com a saúde mental, cujos transtornos são a principal causa de incapacidade, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Em 2019, a OMS promoveu uma revisão mundial sobre saúde mental, tendo concluído que quase um bilhão de pessoas – 14 por cento das quais adolescentes – viviam com um transtorno mental, sendo o suicídio responsável por mais de uma em cada 100 mortes, com destaque para o facto de as pessoas até aos 50 anos corresponderem a 58 por cento desses óbitos.

Estigma, discriminação e violações de direitos humanos contra pessoas com problemas de saúde mental são comuns em comunidades e sistemas de atenção em todos os lugares, afetando principalmente os mais pobres e desfavorecidos, porque são menos propensos a receber serviços adequados.

Em consequência, a OMS defende o trabalho conjunto entre as entidades ligadas à problemática, no sentido de remodelar e fortalecer os sistemas que cuidam da saúde mental, no âmbito do atual Plano de Ação Integral de Saúde Mental, em vigor até 2030.

Esta ferramenta de trabalho engloba três “caminhos para a transformação”, nomeadamente: aprofundar o valor e o compromisso dado à saúde mental; reorganizar os entornos que influenciam a saúde mental, incluindo lares, comunidades, escolas, locais de trabalho, serviços de saúde, etc.; reforçar a atenção à saúde mental, mudando os lugares, modalidades e pessoas que oferecem e recebem os serviços.